Diabetes em crianças: 8 sinais clássicos para prestar atenção!

Você sabia que diabetes em crianças é mais comum do que imaginamos? Muitos pais associam essa condição apenas a adultos, mas a realidade é que os pequenos também podem desenvolver diabetes, especialmente o tipo 1.
No entanto, com o aumento da obesidade infantil, os casos de diabetes tipo 2 em crianças também estão crescendo.
Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, cerca de 1 a cada 1.000 crianças e adolescentes convivem com diabetes tipo 1 no Brasil. Já o tipo 2, que antes era raro nessa faixa etária, vem aumentando devido a maus hábitos alimentares e sedentarismo.
Se você está preocupado ou quer entender melhor sobre diabetes em crianças, continue lendo.
Vou te explicar os tipos, sintomas, exames e tratamentos para ajudar você a cuidar da saúde do seu filho. Vamos começar?
Tipos de Diabetes Infantil
Assim como em adultos, existem dois principais tipos de diabetes em crianças:
1. Diabetes Tipo 1
- O que é? Uma doença autoimune em que o corpo não produz insulina.
- Causa: O sistema imunológico ataca as células do pâncreas que produzem insulina.
- Idade mais comum: Geralmente aparece na infância ou adolescência.
- Tratamento: Depende de aplicações diárias de insulina.
2. Diabetes Tipo 2
- O que é? O corpo produz insulina, mas não a utiliza corretamente (resistência à insulina).
- Causa: Fatores genéticos combinados com obesidade, má alimentação e sedentarismo.
- Idade mais comum: Antes raro em crianças, hoje está aumentando devido à obesidade infantil.
- Tratamento: Pode incluir mudanças na dieta, exercícios e, em alguns casos, medicamentos.
Embora o tipo 1 seja o mais frequente em crianças, o tipo 2 está se tornando uma preocupação real. Por isso, é essencial ficar atento aos sintomas.
8 Sintomas de Diabetes em Crianças
Os sinais de diabetes em crianças podem aparecer de repente (tipo 1) ou se desenvolver aos poucos (tipo 2). Listei abaixo, os principais sintomas que a criança apresenta quando desenvolve a doença:
- Sede excessiva (a criança bebe água o tempo todo)
- Vontade frequente de urinar (inclusive acordando à noite para ir ao banheiro)
- Fome constante, mesmo após comer
- Perda de peso sem motivo aparente
- Cansaço extremo e falta de energia
- Visão embaçada
- Irritabilidade e mudanças de humor
- Feridas que demoram a cicatrizar (mais comum no tipo 2)
Se o seu filho apresenta esses sinais, é importante procurar ajuda profissional para investigar.
Como Confirmar a Diabetes Infantil?
Se houver suspeita de diabetes em crianças, o pediatra ou endocrinologista pediátrico pode solicitar alguns exames. Os principais são:
Exame | Valor Normal | Indicativo de Diabetes |
---|---|---|
Glicemia em jejum | Até 99 mg/dL | ≥ 126 mg/dL (em dois exames) |
Hemoglobina glicada | Até 5,6% | ≥ 6,5% |
Teste de Tolerância Oral à Glicose (TTG) | < 140 mg/dL após 2h | ≥ 200 mg/dL após 2h |
Além disso, em casos de suspeita de diabetes tipo 1, o médico pode pedir exames de anticorpos (como anti-GAD e ICA) para confirmar a origem autoimune da doença.
Tratamento de Diabetes em Crianças
O tratamento da diabetes em crianças varia conforme o tipo.
A seguir, você confere quais são os tratamentos mais comuns para crianças com diabetes Tipo 1 e diabetes tipo 2.
Tratamento para Diabetes Tipo 1
- Insulina: Crianças com diabetes tipo 1 precisam de aplicações diárias de insulina (injeções ou bomba de insulina).
- Monitoramento da glicose: Uso de glicosímetro ou sensores contínuos para checar os níveis de açúcar no sangue.
- Acompanhamento nutricional: Dieta balanceada, com controle de carboidratos.
- Atividade física: Exercícios ajudam a regular a glicemia.
Tratamento para Diabetes Tipo 2
- Mudanças no estilo de vida: Alimentação saudável e exercícios são a base do tratamento.
- Medicamentos: Em alguns casos, o médico pode receitar metformina ou outros remédios para melhorar a sensibilidade à insulina.
- Monitoramento regular: Acompanhamento da glicose para evitar complicações.
Uma vez diagnosticada e iniciado o tratamento da diabetes infantil, é importante o apoio familiar e escolar.

5 Dicas para lidar com diabetes infantil
Cuidar de uma criança com diabetes pode parecer desafiador no início, mas com informação e apoio, é possível garantir uma vida plena e saudável ao seu filho.
A diabetes em crianças exige atenção, mas não precisa ser um obstáculo para a felicidade e o desenvolvimento infantil.
Por isso, separei algumas dicas práticas para pais, familiares, amigos e escola ajudarem no controle da diabetes em crianças, tornando o dia a dia mais leve e seguro.
1. Para os Pais: Dicas Essenciais no Dia a Dia
Se o seu filho foi diagnosticado com diabetes em crianças, saiba que você não está sozinho. Com organização e conhecimento, é possível lidar com a situação de forma tranquila conforme a nossa lista abaixo:
- Aprenda sobre diabetes – Entenda a diferença entre tipo 1 e tipo 2, como a insulina funciona e como os alimentos afetam a glicemia.;
- Monitore a glicose regularmente – Use um glicosímetro ou sensor contínuo para acompanhar os níveis de açúcar no sangue;
- Estabeleça uma rotina alimentar – Mantenha horários regulares para as refeições e prefira alimentos integrais, proteínas e fibras;
- Tenha sempre um kit de emergência – Inclua insulina (se necessário), glicosímetro, lanches rápidos (como suco ou balas) e contatos médicos;
- Incentive a atividade física – Exercícios ajudam no controle glicêmico, mas sempre com monitoramento para evitar hipoglicemia;
- Mantenha a calma e transmita segurança – Crianças percebem a ansiedade dos pais. Mostre que tudo está sob controle.
2. Para a Família e Amigos: Como Apoiar uma Criança com Diabetes
A diabetes em crianças não afeta apenas os pais – todos ao redor podem ajudar. Seja um avô, tio ou amigo, sua atitude faz diferença.
- Eduque-se sobre a condição – Entenda os sintomas de hipo e hiperglicemia para agir rápido se necessário;
- Não trate a criança como “diferente” – Ela pode brincar, correr e fazer tudo o que outras crianças fazem, só precisa de alguns cuidados extras;
- Ofereça alimentos adequados – Evite dar doces sem aviso prévio aos pais e pergunte antes de oferecer qualquer comida;
- Seja um aliado nos momentos de crise – Se a criança passar mal, ajude a medir a glicose ou ofereça um suco se estiver com hipoglicemia;
- Incentive a autonomia – Conforme a criança cresce, ensine-a a reconhecer os sinais do corpo e a se cuidar.
3. Para a Escola: Como Criar um Ambiente Seguro
A escola tem um papel fundamental no controle da diabetes em crianças. Professores e funcionários devem estar preparados para agir quando necessário.
- Comunique a equipe escolar – Os professores, coordenadores e até merendeiras devem saber que a criança tem diabetes;
- Tenha um plano de ação – Combine com a escola quando e como medir a glicose, aplicar insulina (se for o caso) e o que fazer em emergências;
- Permita que a criança faça testes de glicemia quando necessário – Ela não deve ser impedida de checar a glicose na sala de aula;
- Ofereça alternativas na merenda – Se houver lanches muito açucarados, garanta que a criança tenha opções adequadas;
- Eduque os colegas – Uma conversa simples com a turma pode evitar bullying e ajudar os amigos a entenderem a condição.
4. Dicas Emocionais: Como Lidar com o Lado Psicológico
Além do controle físico, a diabetes em crianças também envolve questões emocionais.
- Não superproteja demais – Deixe a criança viver normalmente, sempre com segurança, mas sem excesso de restrições;
- Incentive a independência – Conforme ela cresce, ensine-a a aplicar insulina (se for o caso) e a reconhecer sintomas;
- Converse sobre sentimentos – Algumas crianças podem se sentir diferentes ou frustradas. Mostre que diabetes não as define;
- Busque grupos de apoio – Conectar-se com outras famílias que lidam com diabetes em crianças pode trazer conforto e troca de experiências.
5. Tecnologia e Avanços no Tratamento
A medicina está evoluindo, e hoje existem recursos que facilitam o controle da diabetes em crianças:
- Bombas de insulina – Dispositivos que liberam insulina automaticamente, evitando múltiplas injeções.
- Sensores de glicose contínua – Monitoram a glicemia em tempo real e alertam sobre variações perigosas.
- Aplicativos de controle – Registram medições, doses de insulina e alimentação, ajudando no acompanhamento.
Como Montar uma Lancheira Saudável para Crianças com Diabetes
Uma das maiores preocupações dos pais é: “O que meu filho pode comer na escola?” A boa notícia é que, com planejamento, a lancheira pode ser saborosa, nutritiva e segura para quem tem diabetes em crianças.

Alimentos Permitidos (e Deliciosos!)
- Proteínas: Queijo minas, iogurte natural sem açúcar, ovo cozido, patê de frango caseiro;
- Carboidratos inteligentes: Pão integral, biscoito de aveia, frutas (maçã, pera, morango);
- Gorduras boas: Castanhas (amêndoas, nozes), abacate, pasta de amendoim sem açúcar;
- Vegetais: Palitinhos de cenoura, pepino, tomate cereja.
O Que Evitar na Lancheira
- Sucos industrializados (mesmo os “naturais” têm muito açúcar);
- Bolachas recheadas, salgadinhos e cereais açucarados;
- Embutidos (como presunto e salame, que têm excesso de sódio).
Exemplo Prático de Lancheira
- Sanduíche de pão integral com queijo branco e peito de peru
- Maçã cortada com canela (evita pico glicêmico)
- Mix de castanhas (um punhadinho)
- Água de coco natural (hidrata sem adição de açúcar)
Dica extra: Inclua um bilhetinho com os carboidratos totais do lanche para a professora monitorar, se necessário.
Tecnologias que Facilitam a Vida da Criança com Diabetes
Além das bombas de insulina e sensores contínuos (que já citamos), outras inovações estão revolucionando o controle da diabetes em crianças:
Aplicativos inteligentes:
- “Glic” (registra glicemia, insulina e comida).
- “MySugr” (calcula carboidratos e gera relatórios para o médico).
Esses aplicativos são, literalmente uma mão na roda para pais de crianças com diabetes infantil.
Canetas de insulina descartáveis:
As canetas de insulina descartáveis também são outras facilidades tecnológicas cada vez mais utilizadas.
Com elas, não há necessidades de seringas ou frascos de insulina, o que facilita a aplicação da insulina, além do descarte adequado.
Profissionais que Ajudam no Tratamento da Diabetes em Crianças
O manejo da diabetes em crianças exige uma equipe multidisciplinar, pois envolve não apenas o controle glicêmico, mas também aspectos nutricionais, emocionais e de qualidade de vida.
Conheça os principais profissionais envolvidos e como cada um contribui para o cuidado integral da criança com diabetes.
1. Endocrinologista Pediátrico
O endocrinologista pediátrico é o médico especializado em diabetes e outras condições hormonais em crianças. Ele é o responsável por:
Fazer o diagnóstico correto (diferenciando entre diabetes tipo 1, tipo 2 ou outras formas raras).
Prescrever o tratamento (insulina para tipo 1 ou medicamentos como metformina para tipo 2, se necessário).
Ajustar doses de insulina conforme crescimento, atividade física e mudanças hormonais.
Monitorar complicações (como risco de hipoglicemia severa ou complicações crônicas).
Solicitar exames periódicos (hemoglobina glicada, função renal, tireoide, entre outros).
Por que é essencial?
Sem acompanhamento médico especializado, a criança pode ter descontrole glicêmico, aumentando o risco de complicações agudas (como cetoacidose) e crônicas (problemas renais, oculares, etc.).
Frequência das consultas: A cada 3 a 6 meses (ou conforme necessidade).
2. Nutricionista Infantil
A nutricionista infantil é fundamental para criar um plano alimentar equilibrado e adaptado à rotina da criança. Ela ajuda com:
Planejamento de refeições (café da manhã, lanches, almoço e jantar) com contagem de carboidratos.
Educação alimentar para a família (como ler rótulos, substituir alimentos e evitar picos glicêmicos).
Ajustes para situações especiais (festas infantis, viagens, esportes).
Prevenção de deficiências nutricionais (crianças com diabetes podem ter carências de vitamina D, magnésio, etc.).
Controle de peso (importante para diabetes tipo 2 associada à obesidade).
Por que é essencial?
Uma dieta mal planejada pode levar a hiperglicemia constante ou hipoglicemia perigosa. A nutricionista ensina a família a comer bem sem radicalismos.
Frequência das consultas: A cada 3 a 6 meses (ou conforme ajustes necessários).
3. Psicólogo Infantil
O psicólogo infantil trabalha os aspectos emocionais da diabetes em crianças, que muitas vezes são negligenciados. Suas funções incluem:
Ajudar a criança a aceitar o diagnóstico (evitando sentimentos de revolta ou inferioridade).
Trabalhar a adesão ao tratamento (muitas crianças resistem a medições ou injeções).
Orientar os pais (para evitar superproteção ou cobranças excessivas).
Prevenir ansiedade e depressão (crianças com diabetes têm maior risco de transtornos emocionais).
Facilitar a socialização (medo de bullying ou exclusão em atividades escolares).
Por que é essencial?
Uma criança que não lida bem emocionalmente com o diabetes pode negligenciar o tratamento, esconder sintomas ou desenvolver transtornos alimentares.
Frequência das consultas: Variável (desde sessões semanais até acompanhamento mensal).
4. Outros Profissionais que Podem Ajudar
Além do “trio essencial” (médico, nutricionista e psicólogo), outros profissionais podem complementar o tratamento:
A. Educador Físico
- Ajuda a dosar exercícios para evitar hipoglicemia.
- Cria atividades seguras e prazerosas para a criança.
B. Enfermeiro Pediátrico
- Ensina técnicas de aplicação de insulina.
- Ajuda no manuseio de bombas de insulina e sensores.
C. Oftalmologista
- Monitora retinopatia diabética (complicação rara em crianças, mas possível).
Como Essa Equipe Trabalha Junta?
O ideal é que esses profissionais trabalhem em conjunto, compartilhando informações para um cuidado integrado. Exemplo:
- O médico ajusta a insulina conforme a dieta planejada pela nutricionista.
- O psicólogo identifica ansiedade nos pais e comunica a equipe para evitar cobranças excessivas.
- O educador físico adapta os exercícios conforme o perfil glicêmico da criança.
Dica para os pais: Busque hospitais ou clínicas com equipe multidisciplinar especializada em diabetes infantil.

Mitos e Verdades Sobre Diabetes em Crianças
Muita desinformação rodeia a diabetes em crianças. Vamos esclarecer os principais mitos:
MITO: “Criança com diabetes nunca pode comer doce.”
VERDADE: Pode, com moderação e planejamento. O importante é ajustar a dose de insulina (no tipo 1) e equilibrar com outros alimentos.
MITO: “Diabetes em crianças é culpa dos pais.”
VERDADE: O tipo 1 é autoimune (não tem relação com alimentação). Já o tipo 2 tem fatores genéticos e ambientais, mas culpar só os pais é injusto.
MITO: “Insulina vicia ou faz mal.”
VERDADE: No tipo 1, a insulina é vital – sem ela, a criança não sobrevive. Não causa dependência química.
MITO: “Atividade física é perigosa.”
VERDADE: Exercícios são benéficos! Só é preciso monitorar a glicose e ajustar carboidratos antes e depois.
MITO: “Diabetes infantil tem cura.”
VERDADE: Não tem cura, mas tem controle. Com tratamento adequado, a criança vive normalmente.
Perguntas e Respostas sobre Diabetes em Crianças
Quando o assunto é diabetes infantil, há uma série de dúvidas legítimas que devem ser respondidas.
Por isso, separei algumas questões bem comuns que eu costumo ouvir durante minhas consultas, peço para que leia com atenção, pois essas podem ser suas dúvidas também.
1. Meu filho tem diabetes tipo 1. Ele poderá praticar esportes
R: Sim! Atletas como o jogador de futebol Matheus Santana (jogador do Santos com diabetes tipo 1) provam que é possível. Só é preciso ajustar insulina e alimentação com o médico.
2. Diabetes em crianças pode levar a complicações?
R: Se não controlada, sim. Hiperglicemia persistente pode afetar rins, olhos e nervos. Por isso, o acompanhamento médico é essencial.
3. Posso usar adoçante no lugar do açúcar?
R: Sim, mas com cautela. Stevia e eritritol são os mais indicados. Evite adoçantes com aspartame em excesso.
4. Como explicar a diabetes para meu filho pequeno?
R: Use analogias simples, por exemplo: “Seu pâncreas é um soldado que não trabalha direito. A insulina é como um super-herói que ajuda o açúcar a entrar nas células.“
5. A escola pode se recusar a ajudar meu filho?
R: Não! No Brasil, a Lei nº 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência) garante que a escola deve fornecer apoio.
Conclusão
A diabetes em criança é um caminho no qual não se anda sozinho.
Embora seja uma condição desafiadora, é possível enfrentar e superar a diabetes em crianças através de muito carinho, amor, resiliência e parceria.
Hoje existem profissionais capacitados e tecnologias à disposição para tornar a vida das crianças e dos pais muito mais fáceis e funcionais.
E depois dessa verdadeira aula, a gente chega ao fim de mais um conteúdo.
Conhece alguém que precisa saber mais sobre diabetes em crianças? Compartilhe nosso artigo com essa pessoa.
Ainda tem dúvidas sobre diabetes infantil? É só deixar um comentário, vou adorar te ajudar.
E já que estamos falando de diabetes em crianças, você sabia que existem medicamentos com açúcar? Um dos remédios mais usados pelo público infantil são os xaropes, mas a boa notícia é que existem opções sem açúcar, conheça todas elas no link abaixo!